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FETAG-RS avalia e reconhece avanços no Plano Safra, mas aguarda publicação da portaria de equalização dos juros

O governo federal anunciou, nesta segunda-feira (30/06), o Plano Safra 2025/2026, que traz importantes avanços para a agricultura e pecuária familiar. Entre as medidas estão um pequeno aumento no volume de recursos, a ampliação dos limites de crédito e a criação de novas linhas de financiamento voltadas à conectividade, acessibilidade, sustentabilidade e fortalecimento da produção rural.

O total de recursos do Plano Safra passou de R$ 85,7 bilhões em 2024/2025 para R$ 89 bilhões neste ciclo, representando um crescimento de 3,9%. Desse total, R$ 78,2 bilhões são destinados ao Pronaf, o que equivale a um aumento de 2,9%. Também houve elevação nos limites de financiamento, como nos casos de regularização fundiária, habitação rural e investimentos com juros reduzidos.

Apesar das melhorias, a Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (FETAG-RS) ressalta que ainda há desafios importantes a serem enfrentados. Um deles é justamente o baixo percentual de crescimento do volume total de recursos.

“O aumento de 3,9% no volume total de recursos é insuficiente diante da demanda real do campo, especialmente após os efeitos climáticos e econômicos que atingiram nossos agricultores nos últimos anos”, avalia o presidente da FETAG-RS, Carlos Joel da Silva.

Outro ponto de atenção é a ainda pendente publicação da portaria de equalização, que definirá o montante de recursos com juros equalizados.

“A portaria de equalização é onde geralmente ocorrem os maiores problemas. É fundamental que ela assegure juros justos e recursos suficientes para atender toda a demanda da agricultura e pecuária familiar”, ressalta Carlos Joel.

A entidade também chamou atenção para os juros aplicados na pecuária de corte e na produção de soja — cultura que tem ganhado espaço entre os agricultores e pecuaristas familiares do estado, especialmente por ser a base do farelo usado na ração que alimenta animais produtores de leite e carne.

Além disso, a situação das dívidas rurais segue sendo um dos principais entraves para o pleno acesso ao crédito. Muitos agricultores familiares não conseguirão acessar as novas linhas do Plano Safra se o passivo anterior não for renegociado ou solucionado.

“O Plano Safra é importante, mas para muitos não adianta ter crédito novo se não houver resolução do problema das dívidas acumuladas. É preciso uma política robusta de renegociação que leve em conta a realidade do campo”, reforça Joel.

Como não houve alterações nos critérios de enquadramento do Pronaf, cada vez mais produtores precisam buscar financiamento por meio do Pronamp. Por isso, cresce a importância de saber qual será o montante de recursos e os juros aplicados nessa modalidade, que será anunciada dentro do Plano Safra Empresarial, previsto para os próximos dias.

A FETAG-RS seguirá trabalhando para que esses recursos cheguem na ponta. Ao mesmo tempo, continuará lutando pela prorrogação a longo prazo das dívidas dos produtores, para que todos tenham acesso aos recursos.