HISTÓRIA

1980 a 1992 – Período de Organização e Mobilização

O movimento sindical passa a organizar manifestações de ruas e ações reivindicatórias mais firmes, como o protesto em Frederico Westphalen em dezembro de 1979, que reuniu mais de 10 mil agricultores, levantando, como bandeira central, o problema da assistência médico-hospitalar e divergências com o FUNRURAL local.

Também é nesse período que ocorrem grandes mudanças na estrutura sindical, com a criação das comissões específicas, como Comissão de Política Agrícola e Agrária, de Enquadramento Sindical, Legislação Trabalhista Rural, Saúde e Previdência. Com o passar do tempo e o surgimento de novas necessidades, outras comissões são criadas, de Assalariados, Comissão de Mulheres e de Jovens e Comissão de Finanças e Administração.

Essa descentralização de atividades se dá também no campo da Educação, onde as Regionais são incentivadas a contratar educadores com o objetivo de atuar no desenvolvimento de eventos de formação e capacitação, como cursos, seminários e treinamentos.

Nesse período a previdência social foi um tema que concentrou muita atenção do sindicalismo de trabalhadores rurais. Destaque no protesto em fevereiro de 1992, onde 12 mil trabalhadores/as rurais se reuniram em Porto Alegre, exigindo imediata aplicação da lei previdenciária (8.213/91). O ato culminou na ocupação do INSS por lideranças sindicais que se revesavam semanalmente, permanecendo nas dependências do Instituto durante 59 dias.

Dentre as grandes lutas travadas, destaque por melhores preços da uva, do fumo e do leite, como a organização do 1º Encontro Estadual dos Pequenos Produtores de Leite, em 1992, onde se debateu a viabilidade econômica da propriedade leiteira diante da política vigente e do MERCOSUL.

Também foi um período de muito debate e pressão pela implantação de uma política agrícola diferenciada para os pequenos produtores e na luta pela melhoria nos serviços da saúde.

Em 1988 a FETAG realizou o “Dia de Alerta” com mais de 50 mil trabalhadores e trabalhadoras rurais, bloqueando agências bancárias e rodovias protestando contra os baixos preços dos produtos agrícolas e pelo fim da correção monetária. Logo depois a luta continuou com a “Marcha do Campo” realizando manifestações em vários locais públicos em Porto Alegre, culminando com um ato público na esquina democrática.

Outra frente de luta aqui no Governo do Estado em 1989, se conseguiu a isenção da cobrança do ICMS sobre o leite e hortifrutigranjeiros e a redução das alíquotas de energia elétrica, combustíveis e insumos agrícolas.

As Mulheres Trabalhadoras Rurais
O marco inicial da participação da mulher na vida da Federação foi a presença de 13 trabalhadoras rurais no 2º Encontro Anual de Dirigentes Sindicais, realizado em março de 1982. Em fins de 1982, 40 mulheres participam da Assembleia de Planejamento da FETAG. Já em novembro de 1984 promoveu-se um Encontro Estadual de Lideranças das Trabalhadoras Rurais que contou com a participação de 98 mulheres.

A partir daí foram muito intensos o trabalho de mobilização das mulheres, culminando com a criação da Comissão Estadual das Trabalhadoras Rurais em 1985. Para destacar a força e a participação da mulher na luta sindical, podemos citar o protesto em março de 1987 em Porto Alegre, onde cerca de 25 mil agricultoras vão às ruas contra a discriminação da mulher na sociedade. E um ato histórico para o MSTTR, que foi no dia 08 de março de 1989, onde mais de 30 mil mulheres se reúnem exigindo a regulamentação dos direitos dos trabalhadores inseridos na Constituição.

A Juventude Rural
A FETAG começa sua vida “pela mão” de um jovem ligado à Juventude Agrária Católica (JAC) que foi seu primeiro presidente, e grande parte de suas lideranças iniciadas na militância nos grupos e organizações da juventude.

No final dos anos 70, vários “Cursos de Liderança Jovem” foram realizados em diversos municípios do Estado, promovidos pela FETAG, com apoio do INCRA/PIDSIN. Esses cursos trabalhavam basicamente com temas como a estrutura agrária, relações humanas, personalidade, sindicalismo e cooperativismo.
Inúmeros congressos de jovens ocorreram em diversos municípios do Estado, os quais eram marcados por um forte cunho religioso, abordando temas como sindicalismo, o jovem e a religião, cooperativismo, psicologia, crédito rural e ecologia.

No decorrer das lutas e da caminhada a juventude passou a perceber a importância de ter um representante na diretoria da FETAG, que pudesse representar e construir alternativas para fortalecer o trabalho da juventude rural. Assim em 1991 é criada a Comissão Estadual de Jovens Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais.